De forma inédita, os jornais de bairro de Campinas ganham um mapa que reúne suas histórias, suas vozes e seus territórios. O mapeamento criado pelo projeto “Do Ouro Verde ao Taquaral” tem como objetivo contribuir para a memória e dar visibilidade ao jornalismo de bairro campineiro, reconhecendo o papel de quem, com estrutura modesta e muito pertencimento, constrói diariamente, há anos, a comunicação local em diferentes regiões da cidade.
Para além do registro informativo, o mapa é também uma ferramenta de acesso: pensada tanto para o público em geral quanto para jornalistas, estudantes e pesquisadores que desejam conhecer, acompanhar e se conectar com os veículos que noticiam e retratam a vida nos bairros de Campinas. O site funciona como um ponto de encontro entre a história e o presente, entre a memória impressa e o futuro digital.
O visitante pode navegar pelos bairros de Campinas e, ao passar o cursor sobre cada marcador, descobrir o nome do jornal, sua data de fundação, o responsável pela publicação, além de links diretos para suas redes sociais e portais de notícia. Cada ponto do mapa representa um território narrado – uma vizinhança informada por dentro, por quem vive o cotidiano local.
Mais do que um registro geográfico, o mapeamento é um retrato da diversidade e da resistência do jornalismo hiperlocal, que contribui para fortalecer o diálogo entre moradores, jornalistas e as histórias que formam o cotidiano campineiro.
“O documentário é o encontro do real com o olhar de quem escolhe o que mostrar.”
– Eduardo Coutinho, cineasta e jornalista.
O documentário “Do Ouro Verde ao Taquaral: o jornalismo de bairro que atravessa Campinas” percorre os bastidores, memórias e transformações dos jornais de bairro campineiros, revelando o cotidiano de jornalistas que são, ao mesmo tempo, repórteres, editores, diagramadores e distribuidores de suas próprias histórias.
Com uma linguagem sensível e observadora, o filme ouve os profissionais que mantêm viva a imprensa local – nomes que, muitas vezes sozinhos, foram responsáveis por construir e preservar a identidade jornalística dos bairros de Campinas. São relatos que revelam os desafios, o improviso, a paixão e a resistência de quem fez do jornalismo um compromisso com o território e com as pessoas que nele vivem.
Mais do que resgatar memórias, o documentário busca refletir sobre o papel desses veículos na era digital: como o jornalismo de bairro se reinventa diante das novas tecnologias, sem perder sua essência de proximidade e credibilidade.
Através das entrevistas e imagens captadas nos próprios bairros, o audiovisual se torna um testemunho vivo da história local, mostrando que o jornalismo campineiro continua pulsando, agora com novas formas, mas com a mesma missão de sempre: informar com verdade, vínculo e pertencimento.
Nesta seção, você encontra os veículos e profissionais que fazem o jornalismo de bairro acontecer em Campinas. Eles transformam a rotina local em notícia, conectando moradores, histórias e territórios.
Explore os perfis de cada veículo, conheça suas trajetórias e acesse as entrevistas completas com os responsáveis por manter viva a imprensa de bairro: uma comunicação feita de perto, com identidade, pertencimento e compromisso com a comunidade.
Originado de um protesto por melhorias no bairro, o Jornal Alto Taquaral tornou-se referência de jornalismo local em Campinas.
O surgimento do Jornal Alto Taquaral se deu através das vozes de moradores do bairro que reivindicavam, em 2008, melhorias na região. Foi em uma passeata de moradores do bairro Mansões Santo Antônio, que o casal criador do veículo, Gilberto Gonçalves e Cibele Vieira, percebeu a potencial necessidade de um jornal na região.
Após uma semana do protesto, cinco mil exemplares já começavam a ser distribuídos nas residências da região, um verdadeiro spoiler do que estava por vir. O jornal era produzido mensalmente e inicialmente possuía oito páginas, mas com o passar do tempo e a necessidade editorial passou a ter duas páginas a mais.
Criado há mais de duas décadas, o Jornal do Castelo segue sendo referência em publicidade e jornalismo no bairro.
Após se aventurar no mundo publicitário, a jornalista Lázara Paes Leme junto com seu marido, Clovis Cordeiro, criou o Jornal do Castelo depois de identificar a necessidade de um veículo que noticiasse o bairro Castelo e para que anunciantes conseguissem um espaço no cenário jornalístico.
Com editorias fixas de cultura, saúde, gastronomia e horóscopo, o Jornal do Castelo desde seu início, em 2000, também contava histórias sobre moradores do bairro na coluna Doces Lembranças, trazendo um protagonismo para aqueles que normalmente eram deixados de lado por outros veículos. Esse quadro, que era escrito pela jornalista Vera Longhini, é um dos grandes legados que os criadores deixaram para a população da região, segundo eles.
De um TCC em 1991 nasceu O Quinze, jornal local que abrange Sousas e Joaquim Egídio há mais de 30 anos.
A ideia de criar um jornal impresso com notícias dos distritos de Sousas e Joaquim Egídio nasceu como um trabalho de conclusão de curso da jornalista Rose Ismério, em 1991. Apesar de não seguir o projeto em seu experimento universitário, a jornalista enxergou a possibilidade de criar esse jornal a partir da empolgação dos moradores e dos comerciantes com a ideia de ter um jornal para a região.
Diferentemente dos veículos da época que eram batizados como Jornal / Folha, o Quinze ganhou esse nome devido à sua data de lançamento, que aconteceu no dia 15 de setembro de 1991.
De um sonho universitário em 2017 nasceu o Ouro Verde Mais, o primeiro portal 100% digital dedicado à região.
A história do Portal Ouro Verde Mais começou a partir de uma paixão do jornalista Ricardo Pontim com a comunicação e com o bairro em que vive. O criador do veículo ainda era universitário quando percebeu a possibilidade de produzir notícias direcionadas a um dos bairros mais carentes de Campinas, e foi em 2017 que ele decidiu seguir o seu coração, como afirma.
Ao criar o site, Ricardo tinha como objetivo levar os principais acontecimentos de sua cidade e região para os próprios moradores do bairro, assim, foram feitas as editorias sobre as notícias do próprio local, educação, cultura e setor automotivo.
Desde 2004, o Jornal Legal dá voz às pautas dos bairros Ouro Verde e Campo Grande.
O Jornal Legal foi criado em meados de 2004, quando o locutor Roberto Auresco recebeu em sua porta um jornal da Associação de Moradores, produzido em um formato A4. Necessitando de um complemento de renda, o jornalista logo replicou a ideia criando o projeto para noticiar acontecimentos dos bairros Ouro Verde e Campo Grande.
Através da ajuda de um amigo que tinha uma gráfica, Roberto iniciou a produção com 5.000 exemplares. Conforme o tempo foi passando e a visibilidade aumentando, o veículo que tinha três edições semanais (duas direcionadas ao Ouro Verde e uma ao Campo Grande), aumentou sua produção, que foi escalonando para 10.000, 15.000, 18.000 até atingir a marca de 40.000 exemplares, sendo um dos maiores jornais de bairro das últimas décadas de Campinas em termos de tiragem.
Desde 2004, a Gazeta da Metrópole informa a RMC mantendo o foco na informação local e comunitária
A trajetória da Gazeta da Metrópole começou em 2004, quando o publicitário Álvaro da Silva Júnior e uma amiga jornalista criaram o Gazeta do Bairro, voltado à região do Santa Genebra, em Campinas. O jornal trazia notícias locais, matérias de comportamento e conteúdos temáticos, sendo distribuído gratuitamente nas casas dos moradores.
Com o sucesso da proposta, o veículo ampliou sua cobertura para Barão Geraldo, passando a se chamar Gazeta de Barão. A equipe contava com quatro profissionais e imprimia cerca de 10 mil exemplares mensais, distribuídos em bancas e comércios da região.
Reativado em 2015, o Jornal de Barão resiste como um dos últimos jornais de bairro de Barão Geraldo.
Fundado em 1992, o Jornal de Barão circulou em formato impresso por dois anos, encerrando as atividades em 1994. Em 2015, o jornalista Warney Barcelos Ribeiro da Silva refundou o projeto, motivado pela falta de representatividade de Barão Geraldo na mídia campineira.
Com o apoio de colaboradores, o jornal ganhou uma página no Facebook e, depois, um site no WordPress. As dificuldades financeiras e divergências internas reduziram a equipe, e Warney passou a conduzir o veículo sozinho, sustentando-o com pequenas propagandas.
A Revista Campinas Sul nasceu em 2004 e revelou como a região sudeste de Campinas era pouco representada pela imprensa local.
A Revista Campinas Sul nasceu em 2004 e revelou como a região sudeste de Campinas era pouco representada pela imprensa local.
Criada em 2004 pelo jornalista Wilson Lima, a Revista Campinas Sul nasceu do desejo de registrar as transformações do lado sudeste de Campinas, unindo jornalismo regional, conteúdo editorial de qualidade e uma proposta de comunicação voltada a diferentes públicos.
A ideia surgiu quando Wilson, já atuante no jornalismo empresarial, percebeu que o bairro onde vivia começava a mudar, recebendo novas classes sociais e ganhando novos serviços e comércios. Da observação dessa transformação nasceu o projeto de uma revista voltada à região, com pautas amplas e editoriais que dialogassem com todas as camadas da população.
A jornalista Clarice Tanaka, já tinha grande experiência no jornalismo campineiro no final dos anos 90, e foi nessa época em que ela viu a oportunidade de criar um jornal de bairro na cidade, após ver como o formato fazia um enorme sucesso na capital paulista. Moradora do bairro São Bernardo, Clarice estava andando de ônibus no corredor da Amoreiras, quando teve a ideia de batizar o projeto com uma placa que sempre a chamava atenção, assim surgiu o nome Via Amoreiras.
“A fotografia é o instante em que o olhar do repórter se encontra com o tempo.”
– Sebastião Salgado, fotojornalista.
O acervo de imagens do projeto “Do Ouro Verde ao Taquaral” nasce desse encontro entre olhar e tempo. Reúne registros históricos e contemporâneos dos jornais de bairro de Campinas, como capas, edições digitalizadas, retratos de jornalistas e bastidores das gravações do documentário.
Mais do que ilustrar o trabalho dos profissionais entrevistados, o acervo convida a um mergulho sensível nas transformações do fazer jornalístico – do impresso artesanal ao digital, das redações improvisadas às plataformas virtuais.
Além dos arquivos dos jornais, o acervo também traz fotografias atuais da vida nos bairros campineiros: cenas do cotidiano, ruas, fachadas e pessoas que compõem o cenário vivo dessas narrativas locais.
Sob o título “A vida acontece no bairro”, essa coleção busca traduzir, em imagens, o mesmo propósito do projeto: registrar a cidade pelo que ela tem de mais humano – o que se vê, o que se vive e o que se conta dentro de cada território.
Pensado nos nossos
Entre ruas, padarias, praças e bancas de jornal, onde o cotidiano ainda acontece de perto, o jornalismo de bairro segue vivo, mesmo quando as manchetes parecem cada vez mais digitalizadas. É nesse território cotidiano, feito de vozes conhecidas e histórias que nascem na esquina, que surge, também, o projeto “Do Ouro Verde ao Taquaral: o jornalismo de bairro que atravessa Campinas”.
O projeto nasceu do desejo de compreender como jornalistas locais, muitas vezes independentes em suas redações, mantêm acesa a chama da informação hiper localizada. São profissionais que escrevem, fotografam, diagramam e divulgam o próprio jornal, fazendo dele um espelho da vida em cada bairro. Com suas edições próprias e seu olhar atento, esses profissionais ajudaram a construir – e ainda constroem – a memória da imprensa campineira, agora de uma cidade em que a comunicação digital é cada vez maior.
Desenvolvido como projeto experimental do curso de Jornalismo da PUC-Campinas, o trabalho se divide em duas partes complementares. O documentário percorre os bastidores e histórias desses profissionais, revelando o cotidiano, os desafios e as transformações do jornalismo de bairro. Já o site, amplia esse olhar com um mapeamento inédito dos jornais de bairro ativos de Campinas, criando um espaço onde é possível navegar pela cidade através das vozes que sempre a narraram de dentro, entre travessas e vielas.
Durante a apuração, o grupo percebeu a falta de registros sobre esses veículos nas redes e plataformas digitais.O jornalismo de bairro, fortemente enraizado no impresso, não teve o mesmo destaque no ambiente online, embora continue ativo e fundamental. O site nasce, então, como uma forma de acessibilizar e preservar essa memória, valorizando o jornalismo que não busca competir com a concorrência, mas presença – aquele que informa, mobiliza e constrói identidade dentro de um território.
“Do Ouro Verde ao Taquaral” é um reconhecimento. É sobre o jornalismo que caminha pelas ruas, que ouve o vizinho, que sabe o nome do comerciante da esquina. É sobre as histórias que não cabem na grande mídia, mas que fazem existir a essência de cada bairro dentro de Campinas.
8º semestre de Jornalismo – PUC-Campinas Bacharelandos 2025
Sob orientação da profa. dra. Juliana Sangion.
Parque Jambeiro
















Sousas

















Ouro Verde










Castelo












Barão Geraldo










São Bernardo










Taquaral















